Tem música que a gente houve e que nitidamente percebe uma história se desenrolando em forma de poesia cantada. Teresinha, de Ana Larousse, é uma dessas canções.
Toda vez que ouço esta música, é difícil não vislumbrar as imagens que são tão bem colocadas ao longo dos versos dela.
A música em questão faz parte do álbum Tudo começa aqui, lançado pela cantora em 2013 e cheio de outras músicas que carregam doçura, sentimentos e, claro, histórias.
Teresinha traz uma homenagem à vó de Ana. Com uma letra cheia de sentimentalidade e uma melodia gostosa de se ouvir, é difícil não se encantar por esta narrativa.
Acho que nas primeiras vezes em que ouvi a canção, me chamaram a atenção frases como “ela guiava colada no volante” e “e reclamava, tudo bem, do jeito dela”, pois são imagens tão comuns, mas ao mesmo tempo, tão únicas dentro da história aqui contada.
Ao mesmo tempo em que há imagens concretas, como o cabelo pintado de vermelho e o biscoito e o café para ir embora, a música também tem diversas imagens abstratas, como o velho tempo que entra e a hora de dormir em paz, que dão ares melancólicos à historia, nos fazendo entender que ela teve o seu fim.
Tudo que até aqui mencionei culmina com o final triste da música — também marcado pela diminuição do ritmo da própria melodia —, que talvez só quem já perdeu uma pessoa tão importante pode entender: a dificuldade em dizer adeus, o medo de ficar só e a capacidade de compreender que a morte também faz parte do ciclo da vida.
Deixo, abaixo, a letra completa da música, e também o vídeo, para quem quiser ouvir e se deliciar com ela.