Como se fosse a casa — Ana Martins Marques e Eduardo Jorge

Título: Como se fosse a casa (uma correspondência) 
Autores: Ana Martins Marques e Eduardo Jorge
Editora: Relicário
Páginas: 48
Ano: 2017

Sinopse

Durante um mês, a poeta Ana Martins Marques alugou o apartamento do amigo e também poeta Eduardo Jorge, que viajara para a França. O imóvel fica na região centro-sul de Belo Horizonte, no edifício JK, projetado por Oscar Niemeyer em 1952. Enquanto viveu ali, a inquilina trocou e-mails com o locador. As mensagens, de início, abordavam questões meramente práticas. Mas, depois, se converteram em uma troca de poemas sobre o permanecer e o partir, o morar e o exilar-se, o familiar e o estranho. Um dos méritos do livro está no fato de que ambos os poetas, apesar de escreverem a partir das provocações e evocações poéticas apresentadas pelo outro, não estabeleceram uma relação simbiótica, de perda da identidade em direção a uma linguagem comum e a uma síntese estilística. Ao contrário, a singularidade de cada um foi plenamente mantida, percepção confirmada pelo poeta Ricardo Aleixo, autor do texto de orelha da obra: “Ana e Eduardo conseguiram a proeza de compor uma obra que não apaga nem relativiza as diferenças estilísticas entre ela (sua rara aptidão para o manejo da camada fônica da palavra, com especial destaque para a composição de frases de diferentes extensões) e ele (a imageria algo desorbitada e o gosto pelas ousadas torções sintáticas)”.

Resenha

Há um ditado popular que diz que os menores frascos guardam os melhores perfumes. O que será que guardam os menores livros?

Difícil fazer generalizações, ainda mais quando falamos de literatura, mas livros pequenos podem conter grandes histórias , reflexões, aprendizados.

“Duas pessoas dançando

a mesma música

em dias diferentes

formam um par?”

Como se fosse a casa nos traz uma troca de correspondências entre dois poetas: Ana Martins Marques e Eduardo Jorge. 

Troca essa que podemos notar não apenas pela própria diagramação da obra, que utiliza cores de página diferentes para cada um, mas também pelo estilo de escrita deles.

“Ensinam algo

as estrelas

sobre a distância

algo sobre o pequeno atraso

a pequena demora

que é a leitura”

Um livro pequeno, fino, extremamente leve e de leitura confortável. Diagramação simples (o que não significa que não tenha sido extremamente pensada) e conteúdo complexo.

“Devem existir palavras apropriadas

para cada lugar”

Sem palavras rebuscadas, os versos contidos nesta obra nos transportam por uma deliciosa viagem entre o mundo palpável e aquele das ideias.

“(Conhecerão também as coisas

o cansaço?)”

Essa é uma daquelas leituras para se fazer quando precisamos desacelerar e, ao mesmo tempo, necessitamos de algo com qualidade, quando buscamos leveza e beleza.

“A cura está no tempo, dizem,

mas, ela pensa, por que não

no espaço?”

Uma obra que em sua breve extensão nos fará transitar entre duas cidades não necessariamente nomeadas e as quais, aos poucos, vão se tornando também nossas.

“moro na cidade explicada

em várias línguas

muitas delas não latinas”

Por fim, gostaria de destacar alguns versos que, infelizmente, ainda são muito atuais e que deixo aqui como uma importante reflexão da necessidade do mundo ainda funcionar assim.

“penso que só sabe da casa

quem precisa atravessar

rapidamente uma fronteira

quem fez sua casa

num país que não o quer”

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2 comentários em “Como se fosse a casa — Ana Martins Marques e Eduardo Jorge

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