Título: A redoma de vidro Original: The bell jar Autora: Sylvia Plath Editora: Biblioteca Azul Páginas: 280 Ano: 2019 Tradutor: Chico Mattoso

Finalmente pude ler A redoma de vidro. E essa comemoração tem uma explicação, para além do fato de eu sempre querer ler tudo para ontem: em 2019 dei início à leitura desta obra, porém em uma edição que veio com problema, como contei neste post.
A demora para retomar a leitura, claro, é total culpa minha, mas eu lembro que não tinha sido muito fisgada da primeira vez e acabei adiando pegar o meu exemplar novinho e inteiro. Porém, como eu sempre digo, os livros me chamam no momento certo de serem lidos. E, com certeza, aproveitei bem mais a leitura agora.
“Você nunca se decepciona quando não espera nada de alguém”
O que eu me lembro é que, lá em 2019, estava achando a leitura um pouco arrastada e também estava perdida, achando que a história não ia para lugar algum, mesmo sabendo que, em algum momento, o choque viria. E ele realmente vem, sem que você perceba, porque está tão mergulhada na leitura que não se dá conta da força do baque, coisa que, aliás, me conquistou bastante neste livro.
“Para a pessoa dentro da redoma de vidro, vazia e imóvel como um bebê morto, o mundo inteiro é um sonho ruim”
Costumo entrar em minhas leituras sem saber muito sobre o livro em questão: uma passada de olho na sinopse, algumas vezes; um comentário pescado aqui ou ali. E só. Quando digo que deixo os livros me chamarem, estou falando sério.
Ainda assim, eu sabia que a leitura de A redoma de vidro seria… Densa. Acho que não há palavra melhor para descrever esta obra. E, ainda assim, ela flui, seja pela sua verdade, seja pelo seu humor ácido e inteligente.
Esta é uma narrativa que a gente percebe como, infelizmente, foi escrita com propriedade e com naturalidade. Em Esther Greenwood, Sylvia Plath tem a oportunidade de se retratar e, talvez, compreender algumas das suas próprias dores.
“Na verdade o problema é que eu sempre fora inadequada, só não tinha pensado nisso ainda”
Uma obra que já em 1963, quando foi originalmente publicada, conseguiu retratar muito bem os estigmas sob os quais questões de saúde mental são colocados em nossa sociedade.
“Claro que eu não sabia quem iria querer se casar comigo depois de eu ter passado por onde passei”
A incompreensão e a solidão se fazem quase tão presentes nesta narrativa quanto a própria protagonista, uma jovem que sai do subúrbio de Boston para trabalhar em uma revista de moda em Nova Iorque, vivendo, contudo, com certa indiferença aquele que deveria ser O período da sua vida.
“Quase todo mundo que eu conheci em Nova York estava tentando emagrecer”
O livro, porém, não fala apenas sobre depressão, ainda que este seja o tema que mais salte aos olhos. É preciso ler as entrelinhas para ir além e mergulhar na vida de uma mulher solteira e sozinha, que tem muito a enfrentar em questões de relacionamentos, estudos e amadurecimento. Uma mulher que se olha no espelho e sequer se reconhece.
“Me sentia feito um buraco no chão”
Se ansiedade, depressão e ideação suicida não são gatilhos para você e esta obra te interessou, já clica aí embaixo para garantir o seu exemplar. Eu li a edição da Biblioteca Azul e, para além dessa capa delicada e com um desenho feito pela própria autora, preciso dizer que a diagramação é confortável e o papel de boa qualidade, tornando a leitura ainda mais agradável.