Desmistificando o mestrado [14] — Minha pesquisa

Este é, muito provavelmente, meu último post desta série sobre o mestrado. Isto porque, acredito eu, já consegui abordar todos os pontos que gostaria. Mas, se eu estiver enganada, será um prazer continuar escrevendo sobre outros tópicos, basta me avisar nos comentários.

Porém, não posso negar, é bem simbólico para mim concluir esta série em novembro, pois foi neste mês que, há um ano, defendi minha dissertação de mestrado. E é por isso que também aproveito este momento para, depois de tudo o que expliquei aqui, finalmente falar um pouco sobre a minha pesquisa.

E claro, vamos partir do título dela: “A música no imaginário ítalo-pedrinhense: o pós-método no ensino e na revitalização da língua de herança”. Muito complexo? Apenas aparentemente.

Música todos nós sabemos o que é. O que você talvez não saiba é que sou apaixonada por essa arte quase tanto quanto sou pela literatura. E na introdução da minha dissertação eu falo um pouco sobre isso e sobre meu percurso em aulas de música (piano, coral…).

O imaginário ítalo-pedrinhense já começa a complicar um pouco as coisas, mas explico: Pedrinhas Paulista é uma pequena cidade do interior paulista e, mais que isso, uma ex-colônia italiana (uma das mais recentes, por sinal). E é daí que vem a junção desses termos assombrosos, isto é, em minha pesquisa eu trabalhei a questão da música em Pedrinhas Paulista e, principalmente, como esta arte aparece para as pessoas que vivem nesta cidade, o que a música significa para elas.

Sobre o pós-método, já expliquei um pouco no meu post sobre métodos didáticos, mas, claro, em minha pesquisa eu apresento de maneira um pouco mais aprofundada e também pensando na questão de como aplicá-lo no ensino de uma língua. Mas não uma língua qualquer, e sim uma língua de herança.

E aqui chegamos ao último ponto do título que eu provavelmente preciso explicar. Você se lembra que, ali em cima, eu falei que Pedrinhas Paulista foi uma recente colônia italiana, correto? Isso significa que os primeiros habitantes desta cidade falavam italiano, e foram aprendendo português com a convivência em terras brasileiras.

Alguns desses fundadores (cada vez menos) ainda estão vivos e morando ali, mas seus filhos e netos, tendo estudado em escolas brasileiras, foram cada vez mais se afastando da língua e da cultura italiana. Porém, ainda que filhos e netos tenham se afastado, eles ouviam seus pais (e até avós) falando italiano e dialeto e é por isso que se fala em revitalização da língua de herança.

Uma língua de herança, portanto, é muito diferente de uma língua estrangeira, que muitas vezes não traz nenhum vínculo emocional para a pessoa e pode ser totalmente desconhecida.

Para falar de tudo isso que mencionei até aqui, escrevi quatro capítulos, além da introdução e da conclusão. Cada uma dessas partes foi nomeada com termos derivados da música, que escolhi a dedo e expliquei a cada vez que eram usados. A introdução, por exemplo, foi chamada de Abertura.

No primeiro capítulo — chamado de Legato — eu falei sobre Pedrinhas Paulista (usando inclusive fotos da cidade), sobre o curso de Italiano como Herança, ministrado na cidade, e sobre língua de herança e histórias de vida.

O segundo capítulo recebeu o nome de Melodia e é nele que falo sobre a música em Pedrinhas Paulista, traçando inclusive um percurso entre as festas locais e a história da rádio da cidade. Antes, porém, também falo um pouco sobre a questão da identidade.

Arranjo — o terceiro capítulo da minha dissertação — foi dedicado ao ensino de línguas. Nele, assim como fiz em meu post (mas claro, de maneira mais aprofundada), falo um pouco sobre os métodos de ensino de línguas e sobre o pós-método, mas também falo sobre a música como recurso didático.

No quarto capítulo — denominado Diapasão — eu mostro o lado mais prático da minha pesquisa, falando sobre como apliquei tudo aquilo que fui apresentando ao longo dela e os resultados que obtive a partir disso.

Inclusive, isto foi um ponto muito importante para mim: minha pesquisa tinha um lado prático. Eu mesma pude ver a aplicabilidade daquilo que estava produzindo, também, de maneira teórica. A parte prática foi a elaboração de uma unidade didática, além da análise dos resultados obtidos a partir do uso dela (infelizmente não fui eu quem aplicou diretamente a unidade didática em sala de aula).

A conclusão recebeu o nome de Finale e, depois dela, ainda temos as referências bibliográficas e os anexos da minha pesquisa.

Se você tem interesse em se aprofundar em algum desses aspectos que mencionei, minha pesquisa está disponível de forma gratuita aqui.

E para quem caiu de paraquedas neste post, vou deixar aqui o link de todos os outros desta série, em ordem:

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