Título: Proibidos de esquecer Autora: Tayana Alvez Editora: Publicação independente Páginas: 528 Ano: 2022

[leia esta resenha ao som de Pensando em você — Paulinho Moska]
Se você já viveu uma história de amor — talvez A história de amor da sua vida — e jurou que aquela seria a última após seu doloroso término, atenção para este livro.
“E é assim que eu percebo, três anos, dois meses e doze dias depois de sair de casa e jurar para mim mesmo que nunca mais me envolveria com ninguém, que estou me apaixonando”
A história de Paulo e Bianca é bem peculiar: Bianca casou-se aos 17 anos, com seu primeiro (e único) namorado; Paulo também logo constituiu família, mas um acontecimento — que vai sendo revelado aos poucos, como todos os detalhes que nos prendem a essa narrativa — nos mostra como ela ruiu de maneira irreparável. Assim como a de Bianca.
“Meu próprio filho me condenou ao inferno na Terra”
Dois corações que, mesmo após anos, ainda estão em frangalhos e que se encontram. Duas histórias bem diferentes, mas também muito parecidas.
“— Sentir a dor é melhor do que não sentir nada. — Encolhe os ombros. — A dor é uma lembrança de que foi real…”
Aliás, é preciso dizer uma coisa: ao longo dessa história você vai sentir um nó na garganta inúmeras vezes. E vai chorar outras tantas. Provavelmente você vai se identificar em diversos pontos. Mas ao final, talvez você pense que jamais viveu algo tão forte quanto esses protagonistas. E isso é algo que torna esta história ainda mais incrível: mesmo ela estando longe de ser a sua história (ainda bem?), você vai acabar se identificando em alguma medida.
“Aquela que não carrega mais as dores, mas sempre terá as cicatrizes”
E preciso dizer que neste livro talvez esteja o ápice da representatividade que Tayana Alvez tenta sempre trazer em suas histórias, com protagonistas negras, mães solo… Para mim, finalmente uma protagonista que não bebe e que deixa isso bem claro (aliás, só fiquei curiosa com os motivos dela)!
“— Ah, eu não bebo — diz completamente sem graça. — Desculpa, eu devia ter avisado. — Sorri sem jeito”
Brincadeiras à parte, é difícil falar de Proibidos de esquecer. A narrativa já começa intensa, nos deixando claro que tem muito por vir mas, como eu disse, as peças desse quebra-cabeça vão sendo reveladas aos poucos, na medida certa.
“O que a garota me diz é triste, pesado e doloroso, mas seu tom é como o de alguém que pergunta as horas”
A leitura é catártica. Ao final, percebemos que há muita maturidade e, principalmente, muito amadurecimento. As falas e os acontecimentos impactam e é difícil não ficar com esta narrativa impressa na alma.
“Passei tanto tempo tentando encontrar minha voz que esqueci que ouvir também é necessário”
Proibidos de esquecer se passa — majoritariamente — em Búzios e o verão tem um papel muito importante na história: é a estação que permite a reconexão, tanto de Bianca, quanto, no final das contas, de Paulo.
“Vamos sarar feridas nesse verão”
A história é narrada, alternadamente, pelos dois personagens, mas Bianca certamente domina a narrativa.
“Às vezes dá vontade de perguntar o que mais as pessoas querem de mim”
Ela, que perdeu a mãe quando ainda era jovem; que perdeu o amor da sua vida aos 20 e poucos anos; que está tentando provar — para os outros, mas também para si — que está bem, que está seguindo a vida.
“O problema com o sofrimento é que todo mundo tem um conselho para você”
Ela, que decide viver um verão inesquecível. Mas que não imaginava o quanto ele seria transformador e revelador.
“Querendo ou não, quando você se entrega totalmente a uma pessoa, você entrega sua verdade a ela também, e se tem algo que nós concordamos, mesmo que sem palavras, é que não estamos prontos para falar do passado”
Bianca passa o verão em Búzios porque é ali que sua família tem uma casa. A casa na qual ela passava o verão na infância, mas que, com a morte da mãe, acabou sendo deixada de lado, mesmo que, contraditoriamente, seu pai finalmente a tenha deixado como a mãe sempre sonhara.
“A vida não para quando alguém que a gente ama morre”
Claro que é em Búzios que Bianca conhece Paulo, o dono da sorveteria cujos sabores têm nomes bem… Exóticos (e adoráveis).
Mas quando Paulo oferece protetor solar para Bianca, na praia, ela não imaginava que ele era dono de uma sorveteria. Nem que era tão solitário. Menos ainda que carregava um fardo tão pesado e triste.
“É difícil descrever o quanto os ‘e se’ podem atrapalhar a vida de alguém”
Tentei colocar em palavras a intensidade de Proibidos de esquecer e talvez eu tenha feito parecer que essa é uma história só de tristeza, mas a verdade é que a Tayana sempre sabe equilibrar passagens mais leves e até momentos que nos arrancam no mínimo um sorrisinho de lado e nesta narrativa não seria diferente.
“E, por Deus, que sensação maravilhosa essa de contar o que a gente quer contar para as nossas pessoas favoritas no mundo”
Falei, falei e falei, mas no final das contas, não sei se consegui apresentar esta obra à altura e, infelizmente, a Tay a retirou da Amazon, por estar reestruturando a sua carreira. Ou seja, quem leu, deu sorte. E quem não leu… É torcer para ela relançar em algum momento!
Agora, se você quiser conhecer um pouco da escrita maravilhosa desta autora, já segue ela nas redes sociais (Instagram | Twitter) e vem aqui neste link ver o que ainda é possível ler de obra dela em ebook. E, claro, não deixe de garantir o seu exemplar físico de O Irlandês, em uma nova edição tão ou mais incrível que a primeira.
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