Título: Para o garoto que já tem tudo Autor: Leblon Carter Editora: Publicação Independente Páginas: 49 Ano: 2021

O Natal está batendo à porta e — juro! — por coincidência a resenha de hoje é justamente sobre um conto natalino que, aliás, li sem sequer imaginar que tinha relação com a temática (como eu conhecia o autor, peguei sem nem ler a sinopse, confesso, até porque o título já tinha chamado a minha atenção).
Você costuma fazer desejos nesta época? Não só de metas para o ano que está por vir, mas também de coisas que gostaria de ter ou alcançar? Pois aqui vai um lembrete sempre válido: cuidado com o que você deseja! Mas o que isso tem a ver o conto? Calma que eu te explico.
“‘Quando acreditar que tudo está perdido e ao seu redor só há escuridão, olhe mais fundo. Talvez a luz que procure esteja dentro de você. E, mesmo que não esteja, não se preocupe. Não se precisa de luzes quando se é uma estrela’”
Emílio (ou Milo) é o garoto que já tem tudo. Ou quase. Ele mora em uma casa de quatro andares e todo dia seu motorista vai buscá-lo — dirigindo uma limusine — na escola caríssima em que estuda.
“Lembram quando falei sobre o número de andares representar superioridade? Então…minha casa tem quatro. A maior de todo o bairro. Mas não é por superioridade. Minha mãe diz que, para pessoas pretas, quatro andares é a mesma coisa que dois para pessoas brancas. Ou seja, não estamos no topo. Estamos igualados. Mesmo que igualdade seja bem controversa hoje em dia”
Mas já diria aquele velho ditado: dinheiro não é tudo na vida. E Milo sabe que está bem longe de ter tudo. Ao menos tudo o que deseja. Na escola, por exemplo, ele e seu melhor amigo, Yong Soon, são excluídos, sendo vítimas de racismo, xenofobia, bullying.
“Ei, Pastel de Flango! – o tom debochado de sua voz nos fez criar uma expressão de antipatia e constrangimento. – Você vai conseguir entregar aquela “coisa” – sussurrou bem próximo ao Yong”
Além disso, Milo — e todo o resto de sua classe — é apaixonado por Maria, que o despreza. Mas isso não o impede de fazer o possível para tirá-la no amigo secreto de final de ano e, assim, poder presenteá-la.
E engana-se quem pensa que a falta do amor de Maria é o único que machuca nosso protagonista: ele também se sente muito sozinho em casa, tendo pais extremamente ausentes, mas que também querem determinar para ele um futuro que talvez não seja exatamente o que ele deseja.
“Às vezes pode parecer que eu sou o garoto que já tem tudo: móveis lustrados, limusines espaçosas e uma casa gigantesca. Mas, quando vejo momentos iguais esse da foto do Yong com a mãe, é como se eu não tivesse nada. A simplicidade parecia me atrair mais”
E foi em uma noite solitária e reflexiva que Milo viu uma estrela cadente e fez o seu pedido. Um pedido que mudou o seu dia seguinte, trazendo revelações que ele não poderia esperar.
“Um vislumbre azulado surgiu no céu. Estrela cadente; pensei. A primeira vez em que via uma com meus próprios olhos. Normalmente deveríamos fazer um pedido. Desejar algo que nosso coração sempre ansiou, mas nunca teve”
A leitura desse conto é super rápida e envolvente. A cada página que viramos fica aquele gostinho bom de “o que mais será que está por vir?”. E os personagens cativam, deixando a história ainda mais emocionante.
“As pessoas costumavam sorrir somente pelos lábios, mas ele não”
Se você já está em clima natalino ou se preparando para entrar, recomendo esse conto. Uma história com representatividade, para esquentar nossos corações e também nos fazer refletir.
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